Aprendizado

- A arte é um longo aprendizado, e a vida dos escritores está cheia de lutas e sacrifícios.

Padre Ângelo olhou um instante pelo vitrô que dava para a rua; depois voltou- se de novo para a classe e olhou para ele:
- Meu filho, Deus te deu uma vocação; cultive-a com carinho. Um grande futuro te espera.

O resto da aula ele mal vira - nada mais tinha importância, nada mais existia a não ser aquele mundo dentro dele, aquela coisa maior que tudo lá fora.

Agora ia pela rua, a caminho de casa. Quando chegou no Jardim, teve uma vontade doida de sair correndo, gritando e saltando sob as árvores.

Tirou a redação da pasta e olhou mais uma vez: no canto da página, em cima, um dez grande, escrito com tinta vermelha, seguido de um ponto de exclamação. E seus pais, quando ele mostrasse e contasse?

Sua mãe ficaria muito satisfeita em ter um filho escritor; mas seu pai não gostaria muito da ideia, pois para ele, profissão de homem era ser jogador de futebol. O garoto com receio de falar de sua enorme vontade de ser escritor, apenas mostrou sua nota para seus pais.Logo que o pai viu a nota da prova disse:
- É meu filho...Parabéns. Mas redação não é tão importante assim, você deveria estar aí treinando para ser um grande jogador de futebol.

Como era de se esperar, o garoto ficou triste com o que o pai falou, mas não disse nada. No final da tarde, o garoto foi para o treino de futebol, que o pai fazia questão que o fizesse, e acabou encontrando o Padre Ângelo que disse:
- Então garoto? Falou com seus pais sobre sua verdadeira vocação?
- Não seu padre! Não tenho coragem de falar!Meu pai nunca aceitaria, pois ele quer que eu seja um jogador de futebol.
- Mas filho, você tem certeza que vai trocar seu sonho de ser escritor para ser jogador e agradar seu pai?

O menino mais confuso do que nunca, saiu correndo. O garoto não aguentava mais essa pressão. Realizaria seu sonho ou o de seu pai?Ele tinha que se decidir o mais rápido.

O garoto foi para casa, e ao chegar revelou ao seus pais o seu sonho. A mãe ficou muito orgulhosa, entretanto, o pai quis resistir, mas acabou percebendo que não queria que o filho fosse frustrado como ele era, pois seu sonho de ser jogador não foi realizado, e acabou querendo que acontecesse com o filho, que não tinha vocação.

O último passeio


Carlos tinha todos os motivos do mundo para estar feliz; havia passado no vestibular de medicina , que era seu sonho, ia morar na capital, começar a construir sua vida, mas não estava feliz. Quando ele pensava no tanto que havia lutado para conseguir seu sonho, que todo seu esforço o colégio finalmente tinha tido resultado ficava muito feliz. Mas quando lembrava que teria que deixar seu pai, a sua única companhia de pois da morte de sua mãe, já tomava-lhe de conta a tristeza e saudade.


Na véspera de sua viagem, Carlos resolveu dar o último passeio no seu local preferido da cidade, que era uma pracinha onde brincou a maior parte de sua infância. O que o jovem não esperava era que em plena tarde de primavera começasse a chover. Carlos ouviu uma pessoa lhe chamando , e quando olhou era o seu pai, que lhe puxou para debaixo de uma árvore.


Enquanto esperavam a chuva passar, pai e filho conversavam sobre o futuro. O pai falava que sentiria muitas saudades do filho, mas mas sabia que seria o melhor para ele. O pai ainda falou para o filho que o passado não poderia ser compartilhado com o presente, querendo dizer que agora o seu futuro era o mais importante, mas que um dia eles iriam se reencontrar, porque pai e filho podem se afastar, mas nunca se esquecerem.

"Reunião de trabalho"



Toca a campainha e o homem vai abrir a porta, não sem antes dar um passo de dança. Na porta está uma mulher. No caso, "mulher" é eufemismo. Ela é mais do que isto. Se Deus fosse mandar uma amostra do seu trabalho para concurso, mandaria ela. Preciso me lembrar desta frase para dizer depois, pensa ele.
- Alô - diz ela.
-Alô. Entre.
Ela entra e olha em volta.
- Eu sou a primeira?
- Não. Desde os 15 anos que eu... Ah, você quer dizer a primeira chegar. É, é.
- Bonito, seu apartamento.
- Depois que você chegou ele ficou.
- O quê?
- Bonito?
- Mmmm.
Que diálogos, pensou ele. Que diálogos!A noite prometia.
- Me dê seu casaco, sua bolsa...
Ela dá. Ele fica parado ao seu lado. Ela diz:
- Eu não vou tirar mais nada...
-Ah. Certo, certo.

O homem saiu para guardar o casaco e a bolsa, e quando voltou a mulher disse:
- Mas e cadê o restante das pessoas?
- Está bom só nós dois...
- O que você está dizendo?
- Eu quis dizer que está bom nós dois, mas é melhor que eles cheguem logo, se não eu...
- O que você vai fazer?!
- Vou ficar agoniado com a espera.
O homem se levanta, vai até a cozinha e volta com duas taças de vinho. Ele fala:
- Olhe só o que eu trouxe pra esquentar nosso clima.
- Que clima?Você está muito...
- Desculpe. Eu quis dizer clima de ansiedade.
- Ah tá certo.
Os dois ficam em silêncio. Depois de uma hora a mulher fala:
- Acho que esqueceram da nossa reunião...
- Tenho certeza que não!
- Como você tem tanta certeza?
- Porque não existe reunião. Eu que inventei esse pretexto para ficar a sós com você e...
- Seu safado!
A mulher dá uma bofetada no rosto do homem, e sai falando que nunca mais quer vê-lo novamente.

Invasões no navio

Às sete horas, ouviu-se de repente uma explosão. O navio corcoveou como um cavalo assustado. Meu corpo saltou no beliche. As gavetas pularam da cômoda. Cadeiras, malas, sapatos, roupas, tudo começou a rolar de um lado para outro.

O navio estava afundando e tudo o que queria era sobreviver. Saí do quarto em direção ao corredor principal e tudo o que via era o navio enchendo de água, pessoas gritando e correndo desesperadas. Ninguém sabia o que de fato estava acontecendo, mas todos queriam sobreviver.

Com muito esforço consegui chegar a parte superior do navio, e pude perceber que não havia sido uma explosão acidental, e sim explosões de ataques terroristas. O caos havia tomado conta de todos nós, pois os invasores que antes se encontravam longe, estavam chegando cada vez mais próximos de nós.

Começamos a ocupar alguns botes salva-vidas, para fugir do caos que estava ocorrendo. Eu e mais 72 passageiros conseguimos sobreviver, mas a grande maioria dos passageiros ainda estão desaparecidos. As possibilidades de existirem sobreviventes são grandes, pois o local onde o navio afundou ficava próximo à algumas ilhas. Agora é só esperar pela busca dos sobreviventes.
 
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