Voto nulo: Protesto ou Irresponsabilidade?


Desde a instituição do voto censitário no Brasil, os cidadãos lutavam para assegurarem a igualdade do direito de voto entre todos. Depois do árduo processo de incorporação de todas as classes sociais ao sufrágio, apenas no Governo de Getúlio Vargas as mulheres conquistaram o direito de voto , e algum tempo depois estabeleceram-se os atuais critérios para o mesmo. Entretanto, depois de tantas lutas, os brasileiros estão omitindo-se ao cumprimento de seus papéis como cidadãos através do voto nulo.


De acordo com o TSE, na última eleição para presidente, 5,5 % dos votos foram nulos. Esse percentual é bastante significativo, e acaba suscitando algumas observações sobre os motivos para o voto nulos; em que algumas opiniões acabam dividindo-se entre os seres que defendem a posição do voto nulo como protesto, e os indivíduos que alegam ser um ato de irresponsabilidade. Não se pode julgar nenhuma posição como certa ou errada, mas pode-se dizer que os escândalos no meio político só aumentam o pessimismo existente em relação a política brasileira.


O Brasil já é bastante conhecido pela corrupção dos seus políticos, no entanto, a cada dia que passa, pior fica a situação brasileira. Cada vez surgem mais casos na mídia de denúncias de corrupção no Senado, mensalão, propina, lavagem de dinheiro, entre tantos outros escândalos no meio político. Tais acontecimentos só fazem com que os cidadãos, cada vez mais, desistam de acreditar em um Brasil melhor, onde o voto consciente seria a solução para esses problemas.


Muitas vezes alguns "cidadãos" utilizam-se do voto nulo irresponsavelmente, ou como protesto, mas esquecem-se que os principais afetados serão eles próprios. Para tais "cidadãos", também acaba sendo fácil criticar a política brasileira, mas por inúmeras vezes estes acabam esquecendo que possuem uma parcela de culpa, pois anulam o próprio voto ao invés de votarem em um candidato melhor.


Diante de tudo o que foi exposto é válido ressaltar a importância do voto consciente para a construção de um país melhor. Os cidadãos têm o direito de protestarem contra àquilo que julgarem errado, mas, no caso da política brasileira, tal protesto pode ser realizado de outras formas, sem a omissão do exercício da cidadania, como: Exigindo dos governantes brasileiros, escolhendo estes com mais cautela, entre outros. Pode parecer utopia, mas construir um país melhor não está tão distante dos brasileiros como imagina-se.

3 comentários:

J.Vidal disse...

A Constituição Federal de 1988 diz em seu art. 7º IV: " salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim."

Portanto, segundo a própria CF/88 o salário mínimo é inconstitucional, uma vez, que não atende as necessidades explícitas em sua redação. Pois bem, a partir daí presume-se que se pode entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, as chamadas ADINs. Para nossa surpresa os legisladores redatores da Magna Carta, que são os políticos eleitos, criaram o "Princípio da Reserva do Possível". Trata-se de um Princípio que diz: o governo só pode gastar o possível e o possível só permite um salário mínimo de R$ 622,00 no exercício de 2012.

Perceba que a tecnologia progride,outras ciências também, as industrias e tudo mais que seja um meio de captação capitalista. Mas o discurso dos políticos continua sendo filosoficamente pautado em uma frase de Bertold Brecht: "o pior analfabeto é o analfabeto político".

Esquecem-se que Brecht também se referiu a Ética na Política. "Inteligência Ética nega o cinismo e a indiferença social, pois precisamos ler o mundo com a clareza da responsabilidade. Busca-se lutar contra a reclusão social derivada do medo e da paralisia diante da negação de si e do Outro. Entende-se que é preciso denunciar o Mal do analfabetismo ético e político" (Bertolt Brecht).

A única arma popular viável no momento é o voto e aquele que comparece às urnas está legitimado pela CF/88, portanto, não é irresponsável. Com o seu direito de voto pode votar em qualquer uma das alternativas possíveis: - voto válido; nulo ou em branco.

No momento não se dispõe de nenhum político candidato ao legislativo que mereça ser votado. Algumas saem em defesa de certos políticos alegando ser estes honestos. Mas, diz o adágio popular que "quem com porco vive, farelo come!".

Com certeza se não houvesse tanto dinheiro envolvido os políticos que se dizem probos com certeza diriam: " vou retirar-me deste ambiente de corruptos" , entretanto como jorra muita grana com a corrupção estes que se dizem íntegros se não lesam os cofres, fazem vistas grossas para aqueles que lesam.

Em nosso Código Penal existe duas formas de se cometer um crime, uma comissiva e outra omissiva. Claro está que aquele que não denuncia a prática de um crime também o comete por omissão.

Agora vejamos na prática com anda a infraestrutura. Como estão as ruas, as calçadas, as praças públicas, as escolas, as estradas, as viaturas públicas etc.

Por outro lado, como andam a educação, a saúde, a habitação, a segurança, o meio ambiente, a distribuição de renda, a igualdade social etc.

Façamos uma analogia. O Japão em menos de dois anos já recuperou 95% do que foi destruído pelo Tsunami. Em contrapartida aqui no Brasil os políticos passam dois, três, quatro mandatos e sequer constroem uma calçada ou uma escola. Legislam em causa própria e em benefício da classe que financia suas campanhas.

Devemos votar sim, naquele político que seus familiares se utilizam do SUS e das escolas públicas. Se tudo está funcionando tão bem porque eles e seus familiares não se utilizam destes serviços?

A situação obriga as pessoas a usar sua arma e a única arma disponível ao povo é o voto.
O voto nulo é um voto de protesto de insatisfação. Quanto menos votos válidos houver, mais eles perceberam o número de insatisfeitos. Embora na prática isso não aconteça eles se sentirão sem legitimidade e consequentemente irão ser forçados a trabalharem.

O voto nulo no momento é a bola da vez!

J.Vidal

J.Vidal disse...

errata

Leia-se : perceberão.

Adriana disse...

J.Vidal,

Sua resposta ao texto me causou mais alento que o texto em si. Acho lamentável alguém considerar o voto nulo como omissão do exercício de cidadania, já que este é um direito legítimo, ao meu ver, omissão seria não votar.

Adriana

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Já que leram os textos, se vocês puderem e quiserem comentar ficarei muito grata.Desde já obrigada e beijos.
;D

 
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